Governador Costa Marques e sua equipe com autoridades de Campo Grande |
Na primeira visita de um governador do Estado, Campo Grande
recebe festivamente o presidente e sua comitiva, em 11 de outubro de 1912. O
ato político de maior importância da presença do chefe do executivo estadual no
município foi sua recepção na Câmara Municipal, ocorrida em 13 de outubro, com
o seguinte registro:
Aos treze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e doze,
nesta vila de Campo Grande, Estado de Mato Grosso, no passo da Câmara
Municipal, reunidos em sessão solene, digo: em sessão extraordinária e solene o
seu presidente e todos os demais membros (Vereadores), bem assim o Intendente
Municipal, em exercício, receberam a visita de S. Exc. O sr. dr. Joaquim
Augusto da Costa Marques, com a sua digna comitiva, ora em excursão à zona Sul
de Mato Grosso, (...) tomou assento no lugar da Presidência, S. Exc. o dr. Costa Marques, que declarou
aberta a sessão. – Usou da palavra o intendente geral do Município, sr. José
Santiago, propondo que a praça desta vila situada entre as ruas Barão de
Melgaço, Joaquim Murtinho e Vinte e Quatro de Fevereiro, tomasse a denominação de
Praça – “Costa Marques”- foi a proposta unanimimente aprovada. Usou da palavra S.
Exc. o dr. Costa Marques, que explicou os motivos da excursão que empreendera à
zona Sul deste Estado e compromete-se empenhar todos os seus esforços no
sentido de dotar Campo Grande dos melhoramentos urgentes que necessita;
outrossim, agradeceu a prova de simpatia que lhe devotava a municipalidade, com
a aprovação unânime da proposta acima. Usou da palavra o vereador Amando de
Oliveira, que enalteceu a iniciativa da viagem presidencial, não tendo S.Ex.
medido sacrifícios os mais ingentes, para saber de perto daquelas imperiosas
necessidades afetas à sua administração; fez lembrar um longo período de
abandono a que ficou esta região por falta de ação governamental; disse que ao
compromisso formal de S.Ex. de cuidar de perto dos nossos interesses, ele
propunha aos seus colegas ficasse consignado em ata um voto de louvor e de
solidariedade à administração do atual governo do Exm° dr. Joaquim Augusto da
Costa Marques, a fim de patentear a intenções de paz e de harmonia para a boa
direção e ordem dos negócios públicos. – Nada mais havendo a tratar, o
presidente, S. Exc. o dr. Joaquim
Augusto da Costa Marques, declarou encerrada a sessão.
Eu, Manoel Leite da Silva, secretário da Câmara, lavrei a
presente ata que vai por todos assinada:
Joaquim Augusto da Costa Marques, Clemente Pereira,
presidente da Câmara, Amando de Oliveira, vereador, Manoel Dias, vereador Sebastião Lima,
vereador, João Alves Pereira, vereador,
José Marcos da Fonseca, vereador, intendente, Antonio Fernandes Trigo de Loureiro, vice-presidente da
Assembleia Legislativa, Joaquim Pereira Ferreira Mendes, presidente do Tribunal
da Relação, Deocleciano do C. Menezes, chefe de polícia, Manoel Francisco das
Neves, oficial de gabinete interino do Presidente, Osvaldo Cícero de Sá,
ajudante de ordem, Paulo de Queiroz, promotor de justiça de Cuiabá, Álvaro de
Barros, representante da “Tribuna” de Corumbá, Manoel Pereira de Souza,
representante da “A Notícia” de Cuiabá, Antonio Gomes Ferreira da Silva, major
comandante do Regimento Policial do Sul, João de Almeida Castro, Pio Rufino,
José Elias de Almeida, dr. César Galvão, Antonio Antunes Galvão, Vicente Miguel
da Silva Abreu, Antonio Francisco d’Almeida, Tobias Santana da Silva, professor
particular, João Clímaco Vidal, Áureo de Santiago, José Alves Quito, Francisco
Vidal, Antonio Norberto de Almeida, Miguel Garcia Martins, Francisco Pereira
Lima, Menelau do Rosário, Francisco Trindade Marques, Apulcro Brasil, Juvenal
de Almeida, Laerte Setubal, Júlio A. Auffé, Antonio Marcondes de Carvalho, Atílio
Randolfo, Manoel Joaquim de Morais, Fidelcino Vieira de Almeida, Antonio de
Freitas, Inácio Augusto do Nascimento, Dionísio Rosas Marim, José Teófilo da
Cunha, Zeferino Garcia, Manoel Leite da Silva, secretário da Câmara.1
Na mensagem à Assembleia Legislativa sobre a excursão, o
governador deu a Campo Grande o seguinte destaque:
FONTE: 1 - Jornal O Debate (Cuiabá) 13 de dezembro de 1912. 2 - Ayala, S. Cardoso e F. Simon, Album Graphico do Estado de Mato Grosso, Corumbá/Hamburgo, 1914, página 396
Campo Grande está assente em uma baixada entre dois
pequenos córregos de água barrenta e vermelha, uns dos formadores do Inhandui.
Logo que se galga o espigão da serra de Maracaju, ou Amambaí, como outros a
denominam, pelo lado por onde sobe a Estrada de Ferro Noroeste, cujo acesso
nenhuma deificuldade oferece, como se fora a subida de um simples e extenso
chapadão, lindos campos se descortinam aos olhos do viajante e se estendem até
a vila que, do alto de uma grande esplanada, ao longe se divisa. A povoação
ainda é relativamente pequena, mas nota-se entre os seus habitantes grande
animação pelo seu prometedor e próximo futuro, e não pequena afluência de novos
contingentes que de outras partes lhe vêm, atraidos pela mesma confiança, de
que essa vila será brevemente, pela sua situação e pelo seu clima, uma grande e
importante cidade, servida pela Noroeste que logo lhe dará fácil comunicação
como o Estado de S.Paulo e com a capital da República. As ruas e praças estão
bem traçadas e os lotes de terrenos urbanos quase todos vendidos. Bem maior já
estaria não fosse a dificuldade das construçõe pela falta de material e
operários, sendo, por tal motivo, a maior parte de suas casas feitas de madeira
e cobertas de zinco. Isto, porém, desaparecerá, certamente, quando inaugurar-se
a linha férrea. A sua Câmara Municipal está instalada em edifício próprio,
recentemente para esse fim construido. É de bom material e de bom aspecto. Não
obstante ser sede de comarca, Campo Grande ainda não tem cadeia pública, nem
quartel para a força policial. Estava se concluindo uma casa para escola, mas
sem as acomodações necessárias. Nenhuma da escolas públicas ali criadas estava
funcionando, por falta de professores; no entanto, já é bastante numerosa a sua
população escolar. O ensino primário era ministrado em duas escolas
particulares. A falta de professores para as escolas desta vila e de outras do
Sul do Estado se explica pela carestia de vida nesses lugares, em desproporção
com os vencimentos que percebem. O governo já está tratando da construção de um
edifício para cadeia e outro para quartel da força policial e pretende também
mandar construir uma casa com proporções convenientes para um grupo escolar.
Por cálculo ultimamente feito avaliou-se o número de gado existente em Campo
Grande em cerca de 500.000 bovinos, 100.000 equinos, 8.000 muares, 10.000
lanígeros e 5.000 caprinos.2
FONTE: 1 - Jornal O Debate (Cuiabá) 13 de dezembro de 1912. 2 - Ayala, S. Cardoso e F. Simon, Album Graphico do Estado de Mato Grosso, Corumbá/Hamburgo, 1914, página 396
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