Pular para o conteúdo principal

Aterrado o rego d'água que abastecia Campo Grande





Por ordem do prefeito Antonio Norberto de Almeida (Totinho) é interrompido em 12 de janeiro de 1912, o serviço rudimentar de distribuição de água da vila de Campo Grande, através de um rego d'água. O sistema, muito utilizado na zona rural, e implantado na cidade no início de sua povoação, captava água de uma pequena queda cachoeira no riacho Prosa, atualmente localizada acima da rua Ceará entre as avenidas Afonso Pena e Ricardo Brandão. Por gravidade a água era levada, seguindo o traçado na atual rua 15 de novembro, paralelo ao Prosa, até desaguar no Segredo, atendendo chácaras e o perímetro urbano, no seu trajeto.

O serviço, único de extensão coletiva, chegou a ser regulamentado na reforma do código de posturas, em 1906, através de dois artigos:

Art. 31 - Todos que quiserem servir da água canalizada pelo rego existente serão obrigados a fazer pequenos regos até suas casas, tendo o cuidado de fazer bicas e tapar por cima quando atravessarem ruas e praças.

Art. 32 - Ninguém poderá proibir que passe por seus quintais a água que é destinada ao seu vizinho e nem lavar nela coisa alguma imunda que possa prejudicar o vizinho.

Inviabilizado financeiramente e comprometido pela contaminação ambiente, a municipalidade achou por bem desativá-lo, obrigando seus usuários a construir poços. A medida não agradou aos beneficiários, que em abaixo-assinado, reclamando a reativação do rego d'água, classificou a interrupção de injusta e prematura.

Para atender aos reclamantes, o vereador Amando de Oliveira apresentou projeto, aprovado e sancionado pelo intendente geral do município, propondo a concessão do serviço a terceiros, que deveriam arcar com os custos de manutenção e atender exigências ligadas à saúde pública. 

Como não houve interessado em sua exploração, o rego d'água foi fechado, abrindo-se para a inspiração dos compositores locais de marchinhas carnavalescas que até 1914 ainda serviam de trilha sonora e enredo para as festas momescas da vila.

FONTE: Paulo Coelho Machado, A rua velha, in Pelas ruas de Campo Grande, (2a. edição), Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2008, página 84.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O assassinato do prefeito Ari Coelho

Aos 41 anos é morto a bala, em 21 de novembro de 1952, o prefeito de Campo Grande, Ari Coelho de Oliveira (PTB). O assassino foi Alci Pereira Lima que o acometeu em uma emboscada no prédio da CER-3 em Cuiabá, onde o prefeito fora tratar de assuntos de interesses de seu município. Nascido em Bauzinho, município de Paranaíba, fez seus estudos ginasiais no colégio Grambery, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Formou-se em Medicina em 1933, em Belo Horizonte, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Chegou a Campo Grande em 1934, onde iniciou sua carreira de médico, fundador e proprietário da Casa de Saúde Santa Maria, denominação dada em homenagem à sua esposa dona Maria Arantes. “Eleito prefeito de Campo Grande no pleito eleitoral de 3 de outubro de 1950, assumiu o executivo municipal em 31 de janeiro de 1951, tendo dentro de seu programa de Honestidade, Responsabilidade e Trabalho, imprimido ao município, no curto período de ...

Assassinato do Escaramuça

Publicação no primeiro aniversário da morte do Escaramuça Vitima de emboscada, é assassinado em Campo Grande, em 29 de outubro de 1997, o radialista Edgar Lopes de Farias, 48 anos, conhecido como Escaramuça, nome de seus programas no rádio e na televisão. Os detalhes do delito estão num amplo relatório de Clarinha Glock para a SIP, Sociedade Interamericana de Imprensa, em 2000: Como fazia sempre, Escaramuça havia saído de sua casa, no bairro São Francisco, em direção à Padaria Pão de Mel, localizada na Rua Amazonas esquina com a Rua Enoch Vieira de Almeida. Ali comprava os jornais do dia e tomava café. Falava com o proprietário do estabelecimento, Antônio Perciliano da Silva, e seguia para a Rádio Capital FM, a umas seis quadras adiante. À tarde, apresentava o programa Boca do Povo, de 40 minutos de duração, na televisão filiada à Rede Record. Escaramuça e Perciliano se conheciam havia cerca de três anos, e tinham se aproximado pelo interesse comum, que era a...

O dramático 13 de agosto na rua 13 em Campo Grande

Rua 13 de Maio em 1913. Campo Grande uma vila rica e violenta Abala  o povoado de Campo Grande, trágico acontecimento, coincidentemente marcado pelo número 13.  13 de agosto de 1913, na rua 13 de Maio (esquina com a Barão do Rio Branco). O episódio que apareceu com destaque no primeiro jornal impresso da cidade, O Estado de Mato Grosso , do advogado Arlindo de Andrade Gomes, é sintetizado por Rosário Congro, intendente geral do município: A noite de 13 de agosto de 1913 ficou tristemente gravada nos anais da cidade, com a verificação de um gravíssimo conflito provocado pela própria polícia, quando se realizava uma função no circo João Gomes e do qual saíram mortos o importante e acatado negociante da praça José Alves de Mendonça e o vereador municipal Germano Pereira da Silva e duas praças do destacamento policial, além de muitos feridos, entre eles Gil de Vasconcelos, Fernando Pedroso do Vale, Adelino Pedroso, Benedito de Oliveira, João de Souza, Carlos Anconi e três pr...