Rua 14 de Julho, início da década de 30 do século XX |
Três assaltantes, réus confessos do assassinato de um motorista de praça são linchados por populares em Campo Grande em 6 de março de 1939. O episódio teve repercussão nacional:
No dia 6 do corrente, nas proximidades de Campo Grande, foi assassinado o motorista Celestino Pereira de Alcântara, proprietário do carro 127.
Esse crime foi premeditado pelos seus autores Mário Garcia de Oliveira, Osvaldo Caetano e Sidney Prestes.
Cerca das 14 horas, um deles procurou na praça aquele motorista para corrida ao bairro Amambay. Ali chegados, subiram no carro os outros dois e exigiram de Celestino Garcia que prosseguisse viagem para Ponta Porã. Negando-se aquele de faze-lo, recebeu violenta pancada no crânio, que o prostrou sem sentidos. Os bandidos desarmaram-no e um deles tomou a direção do carro.
Duas léguas depois de Campo Grande, o motorista recurou os sentidos e entrou em luta corporal com os facínoras, sendo nessa ocasião ferido mortalmente por eles e atirado, ainda agonizante, num mato próximo da "fazenda Saltinho". Prosseguiram viagem os assassino depois de terem arrancado licença do carro.
Os demais motorista de Campo Grande, sabendo que Celestino não fazia viagens para o interior e tendo conhecimento da corrida combinada, estranharam a demora do seu colega. Entrando em indagações vieram a saber por um motorista vindo de Ponta Porã que o carro 127 fora abastecido com meia lata de gasolina, não levava licença e era conduzido por um estranho, tendo dois outros como passageiros. Levado o fato ao conhecimento do capitão Felix Valois, delegado de polícia, este pôs-se incontinenti em ação para a descoberta do crime e prisão dos criminosos, rumando para Ponta Porã. Cerca de 25 léguas de Campo Grande, encontraram o carro 127 encalhado, estando Mário, Osvaldo e Sidney trabalhando para desencravá-lo. Dada a ordem de prisão, depois de curta resistência, entregaram-se.
De regresso a Campo Grande foi recolhido o cadáver de Celestino Garcia, com indício de que muito se debatera na agonia. O corpo esta ainda quente, indicando morte recente. Os próprios assassinos auxiliaram a transportar o corpo.
Chegando a esta cidade, foram os três ocupantes do carro submetidos a interrogatório, confessando a autoria do crime.
Grande massa popular aguardava na delegacia a remessa dos bandidos para a cadeia pública. Quando o carro que os conduzia à esquina do Estádio da Sociedade Esportiva Campograndense, a multidão acrescida de número, fez parar o carro, arrebatou os três presos e trucidou-os ali mesmo, a pau.
Acabava de acontecer o primeiro linchamento que se tem notícia na história de Campo Grande.
FONTE: Diário de Notícias (RJ) 15 de março de 1939.
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