Pular para o conteúdo principal

TRAGÉDIA! Deputado é executado pelo próprio irmão em Campo Grande




O deputado estadual Armindo Paes de Barros, proprietário da usina Conceição no município de Santo Antonio do Rio Abaixo, próximo a Cuiabá, é assassinado por seu irmão Henrique, com 5 tiros de revólver, quando jantava no restaurante do hotel Royal, em Campo Grande, em 14 de fevereiro de 1919. Armindo havia desembarcado na estação ferroviária e deveria pernoitar na vila, quando foi abruptamente abordado pelo irmão que, após rápido monólogo, sacou a arma e executou o irmão, que não teve tempo de se defender. Os motivos do crime não chegaram a ser devidamente esclarecidos.

A ocorrência teve grande repercussão, principalmente em Cuiabá e Santo Antonio, redutos eleitorais da vítima. O Matto-Grosso, jornal oficial do partido celestinista, ao qual o deputado era filiado, traçou o seu perfil:

“Moço, elegante, belo como um Apolo e com relevo que lhe dava a reputação duma bravura de herói levada à temeridade, a sua pessoa tinha todas essas qualidades brilhantes que despertam irresistivelmente a atração e fascinante simpatia. Seu fim trágico e inesperado tinha de produzir o mais profundo sentimento como uma revoltante iniquidade.

O nosso malogrado amigo desaparece aos 30 anos de idade. Em pequeno em companhia de outros irmãos, seu finado pai o coronel João Pais de Barros o levara para o Rio onde o matriculou em um colégio interno. Depois de concluído o curso secundário matriculou-se em uma das faculdades superiores da capital da República, na escola Politécnica, interrompendo seus estudos por ter tido necessidade de vir se por à testa da usina de propriedade de sua família. Viajara antes à Europa, tendo permanecido logo tempo na Itália em companhia dos seus.

Na direção do importante estabelecimento legado pelo seu velho pai, revelou notáveis qualidades de administrador e industrial ativo, inteligente, honesto e pontual nos seus compromissos. É do conhecimento de todos os felizes resultados que coroaram a sua ação conseguindo com a disciplina imposta pelo seu pulso férreo libertar em poucos anos a usina de pesados encargos e das dificuldades que antes assoberbavam. E uma das circunstancias que tornam mais dolorosa a sua morte, é não ter ele podido ver, como filho extremoso que era, o coroamento de seus esforços nessa obra a que se dedicara de corpo e alma para salvar os haveres da família e assegurar o bem estar e abastança de sua mãe e irmãos. A sua viagem de agora, na qual tombou em meio do caminho, ele a fazia no desempenho dos seus deveres para com os interesses industriais da usina que dirigia de modo tão seguro e feliz.

Politicamente a morte de Armindo Paes abre nas nossas fileiras um claro que o fará sempre por nós lembrado e com o qual nunca nos conformaremos.
Dá bem a medida do seu valor a alta graduação que tinha na nossa poderosa agremiação partidária e as elevadas posições que tão moço atingira de intendente do município de Santo Antonio do Rio Abaixo e deputado à Assembleia Legislativa. Além do dotado de apurada perspicácia e extraordinário poder de assimilação, possuía também essas qualidades de caráter que primam sobre as da inteligência, essa vontade firme dos que mandam e sabem se fazer obedecer, e que sagra os que nasceram para condutores dos homens”.

FONTE: Jornal O Matto-Grosso (Cuiabá), 20 de fevereiro de 1919.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O assassinato do prefeito Ari Coelho

Aos 41 anos é morto a bala, em 21 de novembro de 1952, o prefeito de Campo Grande, Ari Coelho de Oliveira (PTB). O assassino foi Alci Pereira Lima que o acometeu em uma emboscada no prédio da CER-3 em Cuiabá, onde o prefeito fora tratar de assuntos de interesses de seu município. Nascido em Bauzinho, município de Paranaíba, fez seus estudos ginasiais no colégio Grambery, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Formou-se em Medicina em 1933, em Belo Horizonte, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Chegou a Campo Grande em 1934, onde iniciou sua carreira de médico, fundador e proprietário da Casa de Saúde Santa Maria, denominação dada em homenagem à sua esposa dona Maria Arantes. “Eleito prefeito de Campo Grande no pleito eleitoral de 3 de outubro de 1950, assumiu o executivo municipal em 31 de janeiro de 1951, tendo dentro de seu programa de Honestidade, Responsabilidade e Trabalho, imprimido ao município, no curto período de ...

Assassinato do Escaramuça

Publicação no primeiro aniversário da morte do Escaramuça Vitima de emboscada, é assassinado em Campo Grande, em 29 de outubro de 1997, o radialista Edgar Lopes de Farias, 48 anos, conhecido como Escaramuça, nome de seus programas no rádio e na televisão. Os detalhes do delito estão num amplo relatório de Clarinha Glock para a SIP, Sociedade Interamericana de Imprensa, em 2000: Como fazia sempre, Escaramuça havia saído de sua casa, no bairro São Francisco, em direção à Padaria Pão de Mel, localizada na Rua Amazonas esquina com a Rua Enoch Vieira de Almeida. Ali comprava os jornais do dia e tomava café. Falava com o proprietário do estabelecimento, Antônio Perciliano da Silva, e seguia para a Rádio Capital FM, a umas seis quadras adiante. À tarde, apresentava o programa Boca do Povo, de 40 minutos de duração, na televisão filiada à Rede Record. Escaramuça e Perciliano se conheciam havia cerca de três anos, e tinham se aproximado pelo interesse comum, que era a...

O dramático 13 de agosto na rua 13 em Campo Grande

Rua 13 de Maio em 1913. Campo Grande uma vila rica e violenta Abala  o povoado de Campo Grande, trágico acontecimento, coincidentemente marcado pelo número 13.  13 de agosto de 1913, na rua 13 de Maio (esquina com a Barão do Rio Branco). O episódio que apareceu com destaque no primeiro jornal impresso da cidade, O Estado de Mato Grosso , do advogado Arlindo de Andrade Gomes, é sintetizado por Rosário Congro, intendente geral do município: A noite de 13 de agosto de 1913 ficou tristemente gravada nos anais da cidade, com a verificação de um gravíssimo conflito provocado pela própria polícia, quando se realizava uma função no circo João Gomes e do qual saíram mortos o importante e acatado negociante da praça José Alves de Mendonça e o vereador municipal Germano Pereira da Silva e duas praças do destacamento policial, além de muitos feridos, entre eles Gil de Vasconcelos, Fernando Pedroso do Vale, Adelino Pedroso, Benedito de Oliveira, João de Souza, Carlos Anconi e três pr...