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Coluna Prestes às portas de Campo Grande



Comandante Juarez Távora

Após atrair as forças legais que guarneciam a estrada de ferro Noroeste para Rio Pardo, cuja estação Siqueira Campos tomara e destruíra no último 31 de maio, a Coluna Prestes, vindo da fronteira, sem maiores problemas, alcança em 4 de junho de 1925 a vila de Jaraguari, a apenas oito léguas de Campo Grande.

Juarez Távora, em seu livro de memórias, lembra a breve e tumultuada estada dos rebeldes no vilarejo:

"A 4 de junho, a Divisão ocupou a vila de Jaraguari, situada a 8 léguas a nordeste da cidade de Campo Grande, e onde estacionou durante vinte e quatro horas. Durante o pernoite nessa vila, cerca de 100 praças - inclusive elementos da própria guarda - embriagaram-se, praticando tropelias e depredações deploráveis, que não puderam ser evitadas em tempo, pelos chefes responsáveis. O principal responsável por essa indisciplina furtou-se ao merecido castigo, desertando, em companhia de outros, durante a madrugada do dia 5. O saldo pior das desordens praticadas foi o agravamento das relações entre elementos paulistas e gaúchos das duas Brigadas revolucionárias".¹

De Jaraguari os rebeldes deslocaram-se às cabeceiras do Camapuã, onde “estruturou-se de vez a organização revolucionária. Daí por diante, Siqueira sustentou vários combates parciais, na ponte de Capela, sobre o rio Sucuriu e nas cercanias da fazenda Dois Córregos, com tropas legalistas sob comando do major Klinger. Este, no primeiro momento, repeliu o ataque à Ponte de Capela, mas não conseguindo contato com a sua retaguarda, interceptada que fora pelo 4º Destacamento, de Djalma Dutra, tentou, com duas ou três investidas, romper, pelo norte, o cerco que o constrangia. Foi, porém, repelido pelas forças de Siqueira Campos, que então contra-atacaram, tomando-lhe parte do acampamento – situado na margem direita do arroio Dois Córregos – um fuzil metralhadora e certa quantidade de munição”.²


FONTE:  ¹Juarez Távora, Memórias , Biblioteca do Exército Editora, Rio, 1974, página 181.
²Glauco Carneiro, O revolucionário Siqueira Campos, Recor Editora, Rio de Janeiro, 1966. Página 374. 

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