Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de abril, 2017

O primeiro delegado

Campo Grande, vilarejo iniciado em 1875 por José Antonio Pereira, viveu completamente sem autoridade policial por quase 15 anos, malgrado seu considerável crescimento econômico e demográfico e seu elevado índice de violência urbana e rural. Somente em 7 de março 1889, oito meses antes da proclamação da república, é criada sua sub-delegacia, subordinada à jurisdição de Nioaque, e nomeado o seu primeiro titular, o cidadão Joaquim Vieira de Almeida: "Tenho a honra de comunicar a Va. Exa. que nesta data entrei em exercício do cargo de subdelegado de polícia para o qual fui nomeado em da de 7 de março p.passado, tendo prestado juramento em 29 de abril como consta da cópia que junto a este". Com ele assumem também o escrivão João Carlos de Assis Ferreira, os inspetores de quarteirão Francisco Gonçalo Martins e Antonio Francisco de Almeida e o oficial de justiça Manuel Estáquio dos Santos. Um dos primeiros expedientes do novo chefe da polícia civil foi o encaminhamen

Um arraial fora-da-lei

As notícias que chegavam de Campo Grande nos mais diferentes lugares não eram nada alentadoras, com relação à segurança dos moradores da localidade. Ao mesmo tempo em passavam um cenário de enorme potencial econômico, geravam enorme desconforto quando tornavam evidente a violência que avassalavam o vilarejo. Com efeito, veja o que diz o jornal O Iniciador, de Corumbá, em sua edição de 27 de março de 1885: "De Campo Grande também recebemos notícias desanimadoras. Outro italiano, cujo nome o correspondente promete ministrar-nos, foi barbaramente assassinado a CACETADAS. Dizem-nos que a questão deu-se com o sócio da vítima por ter ela subscrito com três mil telhas para a construção de uma capela, com o que contribuiu contra a vontade do sócio. Não é de hoje que o importante núcleo, que se está formando em Campo Grande, reclama a atenção do governo provincial. Mais de 300 famílias se acham ali estabelecidas desde 1879 e até hoje ainda para lá não foi remetido um destacamento

Uma cidade de presente para o santo

Santo Antonio, padroeiro e "proprietário" de Campo Grande É lavrada em Nioaque em 16 de outubro de 1886 escritura pública, onde Joaquim S. Ornelas e sua mulher Leopoldina Maria Inocente doam a Santo Antônio, padro eiro d a vila,  meia légua de matas na fazenda denominada Lageado, para implantação do povoado de Campo Grande.  Lélia Rita de Figueiredo Ribeiro, a primeira a tratar deste assunto, explica: Em 1886, Joaquim Silvério Ornellas, natural de Miranda, filho de Manoel José Ornellas, português e da índia Kaduwéo Nalice, proprietário de vastas terras na região sul de Mato Grosso, com cerca de 1.000.000 de hectares, constituídos pelas fazendas São João do Varadouro e Lajeado, cujas áreas contíguas abrangiam desde o município de Miranda até atingir a região do Anhanduí, hoje Campo Grande, tendo reconhecido em José Antônio Pereira a legitimidade de sua ação povoadora, vem, num rasgo de generosidade e de grande visão de futuro, realizar a doação a Santo Antôni

A primeira notícia

A primeira notícia escrita, que se tem sobre Campo Grande, pode estar no relatório que o frei Mariano de Bagnaia, vigário visitador da região do Baixo Paraguai, encaminhou ao presidente da província de Mato Grosso, coronel José Maria de Alencastro, em 27 de agosto de 1882: Depois de alguns dias de viagem comecei a encontrar várias famílias de laboriosos mineiros estabelecidos com gado e com lavoura. São todos pais de numerosas famílias, circunstância favorável para povoar o sertão. A 70 léguas na cabeceira do Anhandui achei um núcleo de população com algumas 20 casas, lhes provisionei a capela a Santo Antônio, lhes administrei os sacramentos, os animei e lhes fiz ver que devem pedir ao governo sesmaria das terras devolutas a fim de que possam ter seus títulos e pediram-me muito a minha intervenção para com V.E. a favor daqueles pobres pois que muitos de Santo Antônio de Minas querem se rendar para esse sertão. Eu asseguro a V. E. que facilitando sesmarias aos laboriosos mineiros,

Escravo recusa liberdade

Em todas as localidades em que passou durante sua longa missão pastoral no Sul do Estado, o bispo de Cuiabá, dom Luis D'Amour, conseguia, por generosidade dos donos ou por subscrição de abolicionistas locais, a alforria de escravos, como marca da generosidade de sua passagem. Em Campo Grande, sua última parada, aconteceu um caso inédito, narrado por seu escriba, cônego Bento Severiano da Luz: Em memória da visita pastoral foram concedidas nesse arraial duas cartas de liberdade, não verificando-se a entrega de uma terceira, porque o preto opôs-se tenazmente a isso não querendo mudar de condição nem sair da casa de seu senhor. Reza a tradição que ao chegar em Campo Grande , em sua segunda e definitiva viagem ao local, em 1875, já encontrou uma comunidade negra, presumivelmente, a atual comuni d ade São Benedito, de Eva Maria de Jesus, a tia Eva. Última etapa de sua viagem ao Sul do Estado , Campo Grande hospedou o bispo e sua comitiva de 28 de setembro a 4 de

Sangue na despedida

Augusto Ilgenfritz Episódio insólito, marcado pela insolência de opositores do governo e pela reação violenta do chefe de polícia do região Sul, major Antonio Gomes da Silva, foi a nota desafinada da extensa agenda do governador Costa Marques, em sua estada em Campo Grande, durante sua excursão ao Sul do Estado, de 11 a 15 de outubro de 1912.. Paulo Coelho Machado resume a ocorrência: "Terminada a cerimônia, formada, escolta, a fim de seguir o percurso de volta, eis que surgem, de inopino, dois oradores. O primeiro era Antonio Antunes Galvão, que, de cima de um caixote improvisado em tribuna, sem conseguir ocultar a emoção que o dominava, ataca veementemente o governo   e a política do Partido Conservador. Logo é substituído por Augusto Ilgenfritz, coronel provisório do Rio Grande do Sul, aqui refugiado, irrequieto e   bravo, que numa linguagem rude, com exagerado timbre gaúcho na voz e gestos imoderados, enaltece o partido da oposição, o PRMG, repete as crítica

A visita do governador

Governador Costa Marques e sua equipe com autoridades de Campo Grande Na primeira visita de um governador do Estado, Campo Grande recebe festivamente o presidente e sua comitiva, em 11 de outubro de 1912. O ato político de maior importância da presença do chefe do executivo estadual no município foi sua recepção na Câmara Municipal, ocorrida em 13 de outubro, com o seguinte registro: Aos treze dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e doze, nesta vila de Campo Grande, Estado de Mato Grosso, no passo da Câmara Municipal, reunidos em sessão solene, digo: em sessão extraordinária e solene o seu presidente e todos os demais membros (Vereadores), bem assim o Intendente Municipal, em exercício, receberam a visita de S. Exc. O sr. dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, com a sua digna comitiva, ora em excursão à zona Sul de Mato Grosso, (...) tomou assento no lugar da Presidência,   S. Exc. o dr. Costa Marques, que declarou aberta a sessão. – Usou da palavra o intendente

Campo Grande no campo grande

Erva-mate, abundante em Campo Grande no final do século XIX Quando em 1867 o tenente Alfredo D'Esgragnolle de Taunay passou pelo lugar onde nasceria anos depois a cidade de Campo Grande, de volta ao Rio de Janeiro, terminada a retirada da Laguna, a planície já era conhecida por esta denominação. Em seu diário de 20 de junho, após deixar a palhoça do Mota, único morador de toda a região, desde a fazenda Correntes até Camapuã, Taunay inicia sua descrição sobre o lugar, no que é, uma das primeiras notícias sobre o futuro arraial dos mineiros: "Paramos no Mota, dando uma boa ração de milho aos animais. Às 2 1/2 horas da tarde seguimos viagem, indo, depois de duas léguas, entrar na estrada geral, da qual nos havíamos desviado no princípio do dia. À noite começava então a cair; sem embargo fomos caminhando por desejarmos passar com o escuro a encruzilhada de Nioaque, visto como existia ainda a dúvida se os paraguaios em nossa perseguição para lá tinham mandado