Pular para o conteúdo principal

Fazendeiro declara guerra à companhia Mate Larangeira




Campanário, sede brasileira da Matte Larangeira



Conseqüência de uma pendenga por posse de uma área de terra, o fazendeiro João Ortt, juntando pequeno grupo de amigos decide enfrentar a poderosa companhia que monopolizava a exploração e comércio da erva mate no Sul de Mato Grosso. Partiu de Maracaí, nome de sua propriedade, em litígio, em 5 de março de 1932.

 "Em vários pontos - acompanha-o o cronista Humberto Puiggari - já deveriam estar a postos outros grupos armados que se iriam incorporando ao que comandava pessoalmente. Caso fosse bem sucedido no arriscado empreendimento, tomaria Campanário, sede da empresa e imporia condições de modo a deixá-lo tranqüilo na 'posse' Maracahy.
 
Seguindo um plano anteriormente traçado fez atacar o rancho Paraná pelo seu lugar tenente Eduardo Cubas. Foi o primeiro fracasso. Sem desanimar dirigiu-se a determinado sítio onde deveria estar à sua espera um numeroso contingente armado. Lá não encontrou ninguém. Desanimado, finalmente, dissolveu o grupo que o acompanhava e passou-se para o território paraguaio, exilando-se voluntariamente".

 
A reação foi imediata, fulminante e de grande truculência:


A Empresa, de parceria com as autoridades policiais e com o objetivo de não deixar aparecer o motivo real do levante, passou a telegrafar aos quatro ventos, que nos ervais havia surgido uma revolução...COMUNISTA! Pobre João Ortt... elevado à dignidade de chefe comunista, sem saber mesmo até hoje o que venha a ser comunismo.


No Paraguai, recebia João Ortt notícias dos espancamentos e assassínios dos seus amigos comunistas, crimes esses cometidos por gente que se dizia da Empresa, aliada às autoridades locais. Somente em Sacarón, distrito onde está situada a 'posse' Maracahy, foram barbaramente assassinadas cinco pessoas: José M. Gadioso - degolado; Nicolás Martinez, degolado; o menor Pedro Rodrigues, fuzilado; um casal de índios, fuzilados e os corpos atirados na corrente do rio Maracahy.


Um mês depois, João Orth retornaria ao Brasil e voltaria a atacar a empresa,  dessa vez confrontando-se com forças do exército.



FONTE: Umberto Puigari, Nas fronteira de Mato Grosso, terra abandonada..., Casa Mayença, São Paulo, 1933. Página 113.
FOTO: Luiz Alfredo Marques Magalhães, Retratos de uma época, (2ª edição), edição do autor, Campo Grande, 2013, página 169. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O assassinato do prefeito Ari Coelho

Aos 41 anos é morto a bala, em 21 de novembro de 1952, o prefeito de Campo Grande, Ari Coelho de Oliveira (PTB). O assassino foi Alci Pereira Lima que o acometeu em uma emboscada no prédio da CER-3 em Cuiabá, onde o prefeito fora tratar de assuntos de interesses de seu município. Nascido em Bauzinho, município de Paranaíba, fez seus estudos ginasiais no colégio Grambery, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Formou-se em Medicina em 1933, em Belo Horizonte, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais. Chegou a Campo Grande em 1934, onde iniciou sua carreira de médico, fundador e proprietário da Casa de Saúde Santa Maria, denominação dada em homenagem à sua esposa dona Maria Arantes. “Eleito prefeito de Campo Grande no pleito eleitoral de 3 de outubro de 1950, assumiu o executivo municipal em 31 de janeiro de 1951, tendo dentro de seu programa de Honestidade, Responsabilidade e Trabalho, imprimido ao município, no curto período de sua administração, um desenvo

Vereador é assassinado em Campo Grande

Amando de Oliveira e família, pouco antes de seu assassinato É assassinado  em Campo Grande , no dia 10 de junho de 1914, as 17 horas, quando se dirigia à sua fazenda Bandeira, o vereador Amando de Oliveira. Líder do Partido Republicano, empresário moderno e empreendedor, foi o construtor da primeira casa de alvenaria na vila. Autor de vários projetos aprovados pela Câmara, entre eles o que doou áreas para a Noroeste construir sua estação; que proibia a alienação de terras públicas urbanas às margens de córregos; e da primeira escola mista da cidade.  Sua morte não foi esclarecida. Foram acusados como mandante o fazendeiro Joaquim Gomes Sandim e executores Procópio Souza de Mello e Antonio Elysio Emendias, que, denunciados pelo promotor Brasílio Ramoya, não chegaram a ser pronunciados. O juiz Manoel Pereira da Silva Coelho por falta de “indício veemente”, libera os acusados e manda o delegado reabir o inquérito, o que não ocorreu. Amando de Oliveira é nome de uma escola estadu

Assassinato do Escaramuça

Publicação no primeiro aniversário da morte do Escaramuça Vitima de emboscada, é assassinado em Campo Grande, em 29 de outubro de 1997, o radialista Edgar Lopes de Farias, 48 anos, conhecido como Escaramuça, nome de seus programas no rádio e na televisão. Os detalhes do delito estão num amplo relatório de Clarinha Glock para a SIP, Sociedade Interamericana de Imprensa, em 2000: Como fazia sempre, Escaramuça havia saído de sua casa, no bairro São Francisco, em direção à Padaria Pão de Mel, localizada na Rua Amazonas esquina com a Rua Enoch Vieira de Almeida. Ali comprava os jornais do dia e tomava café. Falava com o proprietário do estabelecimento, Antônio Perciliano da Silva, e seguia para a Rádio Capital FM, a umas seis quadras adiante. À tarde, apresentava o programa Boca do Povo, de 40 minutos de duração, na televisão filiada à Rede Record. Escaramuça e Perciliano se conheciam havia cerca de três anos, e tinham se aproximado pelo interesse comum, que era a